Quem os bordava eram raparigas simples dos meios rurais da região do Minho, que declaravam o Amor através desta forma de código. Em finos panos de linho, tecidos por elas, ou em lenços de algodão comprados a feira, as raparigas bordavam-nos, com os cuidados que o palpitar do coração punha nas mãos.
Depois de bordado, secretamente, faziam chegar o lenço ao amado e se este o usasse em público era sinal que o amor era correspondido, começando assim o namoro, não poucas vezes, às escondidas...
Todos os Lenços têm associadas histórias de amores felizes ou menos ditosos, paixões avassaladoras ou simples fulgores momentâneos, retratados nos desenhos policromáticos bordados sobre a brancura do linho.
Dezenas de exemplares extraordinários destes Lenços chegaram aos nossos dias, alguns traduzindo fenómenos sociais marcantes como a emigração para o Brasil, registada no início do século XX, que afetou particularmente o Minho: ‘Meu Manel bai pro Brasil/ Eu tamém bou no bapor/gardada no coraçon/ Daquele qué meu Amor’.